Vai Uma Gravação Cheia de Graves ou Mais Natural?

mulher headphones ombro

Dentro do home studio, nós podemos encontrar um monte de problemas, mas a solução para cada um deles vai depender do seu nível de conhecimento sobre algumas técnicas de produção de áudio bem específicas. Vamos conferir de perto o mito sobre sons graves representarem peso nas gravações e também, veremos como conseguir esse peso nos graves que você tanto deseja. Descubra…

Sons Graves São Bons ou Maus?

musico tocando contra baixo escuroEm outro post, nós estivemos falando sobre os monitores de áudio falsificados, lembra? Uma das particularidades desses monitores era a sua sobra de graves. Os monitores falsos soavam mais graves, produzindo sons cheios, enquanto que os verdadeiros apresentavam sons com características mais fiéis à realidade.

Sem dúvidas, parecia que o som dos falsos monitores de áudio era muito melhor, mais potentes, muito mais parecidos com o que todo produtor iniciante deseja.

Pessoalmente vi muitas pessoas chegando ao nosso estúdio e perguntando se dava para melhorar o peso do áudio já gravado, através do processo de masterização do áudio, buscando mais “punch” (soco) para os instrumentos rítmicos.

Parece que a busca pela potência no áudio é um sonho comum dentre os produtores de áudio, não só do Brasil, mas também de todas as partes do mundo. De uma certa forma, quando você está ouvindo o seu som, aí no seu micro-system ou mesmo no som do seu carro, a ideia é sempre ouvir o bumbo batendo muito forte, sempre coladinho com o baixo.

Muitos produtores investem uma “pequena fortuna” incrementando seus sons automotivos até conquistarem o que eles chamam de “som de tirar o fôlego”. Vale lembrar que essa situação é de “audição final” e não de produção. Sendo assim, você tem duas expectativas bem distintas quando está ouvindo um som: uma como usuário final e a outra quando você está dentro de uma sala, mixando ou mesmo masterizando o produto de áudio.

Enquanto que a primeira expectativa é direcionada para os leigos e visa impactar as emoções de quem está ouvindo, a segunda é uma audição mais técnica, que tenta proteger e até mesmo garantir que essa condição de audição para o usuário final, possa ser possível.

Imagine que todo esse som automotivo e até mesmo os grandes micro-systems domésticos utilizam subwoofers poderosos que exageram a frequência dos graves de uma gravação, dando ênfase e energia a esse espectro de áudio, responsável pelo ritmo na mixagem.

Desse modo, o áudio que sai da mixagem precisa ser “neutro” para garantir que o usuário final possa aplicar essa energia extra quando estiver consumindo essa peça de áudio.

Mas não termina por aí, as coisas são bem mais complexas do que isso e logo você vai entender até onde nós podemos escavar nesse buraco de coelho.

Densidade de Timbre é o Segredo do Peso nos Graves

mulher ouvindo som ruimComo eu disse antes, alguns clientes me procuravam para aumentar a potência dos graves em suas gravações.

A resposta para esses clientes, que buscavam melhorar o que não existe, era sempre a mesma:

“Sim, se esse áudio tivesse densidade de timbre suficiente para cobrir toda a faixa harmônica que, provavelmente, foi perdida durante a mixagem, seria um prazer. Agora, simplesmente puxar o controle de graves para cima, não vai adiantar em nada, só vai piorar as coisas. Melhor gravar outra vez.”

Em 2002, até tive um impasse com um cliente que tentou fazer uma microfonação de uma bateria acústica, e por causa de alguns problemas técnicos e alguma inexperiência de quem microfonou, a gravação da bateria acabou ficando sem peso nos graves.

Ele quis me subornar para que eu colocasse mais graves durante a masterização, mas eu lembro bem que, apesar de muito jovem, eu já sabia que essa não era a melhor solução para o problema dele.

Imagine só, ele ficava falando:

“Rodrigo… Vamos colocar só mais um pouquinho de graves nesse bumbo…”

Eu respondia:

“Não, essa não é a solução. Você só vai aumentar a voltagem dessa frequência e isso vai estourar o áudio quando o pessoal estiver curtindo a música em casa.”

Se você estiver curioso ou curiosa… Eu não tenho qualquer ressentimento com esse cara, fiz mais de 50 masterizações para ele, era um cara bom pra dar uma porradas, um bom amigo. Mesmo assim, para o caso dele, a solução seria ter usado um sampler de bateria acústica… Mas claro, posso compreender que, naquela época, não era tão fácil ter samples tão bons quanto temos hoje, como por exemplo os kits da Abbey Road Studios anos 60.

Foi então que ele procurou outro cara que aceitou a proposta dele para aumentar os graves. Sempre tem alguém que faz o que você pede, mesmo que seja algo bizarro, nem que seja só por dinheiro. Talvez, depois de um tempo, ele tenha percebido que o áudio dele ficou realmente bizarro em alguns tipos de equipamentos durante a audição. Certamente ficou.

Trabalhar com pessoas no estúdio de gravação é realmente um grande desafio. A minha personalidade sempre foi a de um cara muito paciente, do tipo que não fazia clientes, e sim, novos amigos para toda a vida. Quando você trabalha com muitas pessoas, logo você sai na rua e as pessoas vão chamando pelo seu nome, então você se sente quase como um político em época de eleição.

Como você pode perceber, muitas vezes o produtor não compreende que “nível de sinal” é diferente de “densidade/qualidade de sinal”. Se você aumentar o nível de sinal, em uma determinada frequência, provavelmente vai causar um problema elétrico no sistema de áudio.

Por outro lado, se você investir em tecnologia de sampler para montar uma biblioteca de amostras de alta qualidade (densidade alta de amostragem), você provavelmente terá o “punch” desejado em suas gravações.

De outra forma, se você continuar abusando do controle de graves do seu mixer, no final terá um monte de clientes insatisfeitos, com problemas ao executar suas músicas em sons automotivos ou micro-systems.

Resposta: Som Grave ou Normal?

mulher ouvindo musica headphone celular na maoRespondendo a questão que iniciou o post: melhor ter um som natural saindo da masterização, sem exageros em qualquer frequência, próximo do HI FI. A intenção hoje é ter o som o mais real possível, corrigindo apenas as deficiências da captação (ruídos, pufs, afinação) e levar isso aos ouvidos das pessoas o mais puro possível.

A diferença pode estar na abordagem para o problema, na forma como você o resolve durante o processo de produção.

Minha dica para você é que não se deixe enganar pelos seus instintos, porque nem sempre eles estão certos.

Lembre-se: uma coisa é você ouvir o som como um usuário final e outra é ouvir pensando em como esse áudio será consumido depois e o quanto ele aguenta de amplificação em qualquer que seja a frequência em que o usuário queira estressá-lo.

Também, evite os fenômenos acústicos que podem ocorrer dentro do seu home studio, principalmente quando você estiver microfonando qualquer instrumento que seja. Por exemplo: um violão microfonado pode destruir a potência do bumbo em uma mixagem.

Nosso processo de produção que você pode aprender durante o nosso Curso de Home Studio Online mostra como você pode organizar o seu espectro auditivo de uma forma que nenhuma frequência intrusa possa mitigar a energia dessas bases rítmicas.

Assim, você poderá desenvolver um trabalho muito mais preciso e previsível, seguindo um passo a passo projetado para levar a sua mixagem do ponto A para o ponto B com toda a segurança que você precisa.

E você, está abusando do controle de graves ou está investindo em samples?

Boas masterizações!

Uma dica extra do Rodrigo: Saiba como eu montei o meu estúdio de gravação musical e consegui gravar as minhas mais de 40 músicas sem gastar fortunas com equipamentos e softwares caros.

Confira o vídeo exclusivo que eu preparei pra você!

QUERO VER O VÍDEO!

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